domingo, 24 de junho de 2012

Valorizar

Ana havia plantado algumas mudas no quintal de sua casa. Se dedicava com louvor àquelas flores que logo estariam abertas e exalando um delicioso perfume. Quando finalmente aconteceu, ela ficou maravilhada, mas pôde perceber que em meio a uma dúzia de florzinhas, uma delas não estava com uma boa aparência... Era como se não tivesse desabrochado por completo e isso despertou em Ana um sentimento de desafio. Isso mesmo! Ela se sentiu desafiada. Ora bolas, por que apenas uma das flores havia nascido diferente se recebeu o mesmo tratamento das demais? Ana não se conformava e decidiu que faria de tudo para que aquela flor ficasse tão bonita quanto as outras. Acordava cedo, regava a flor, conversava com ela, até carinho fazia... E essa rotina incessante se deu por nove longos dias. No décimo, ao pegar seu material e se dirigir ao jardim, a menina soltou um berro de assustar qualquer um. Sua mãe preocupada, correu para fora de casa já indagando:

- O que foi menina!?  
- Olha, meu jardim, mamãe!! As flores morreram!
- Como pode isso? Tão rápido... Eram pra ter durado mais! Você não tem cuidado delas todos os dias?
- Ten... Na verdade, eu esqueci de cuidar de todas, mãe. É que aquela ali ó, tava estranha e eu me dediquei mais a ela. Aaaaai, esqueci das outras!
- Ô filha, você regou e tratou só de uma florzinha? 
- É que eu me senti desafiada, mãe. Achei que se eu conseguisse reverter a situação ficaria ainda mais feliz com o meu jardim.
- É... E veja só o que conseguiu, filhota! Por causa de uma florzinha metida a difícil e complicada você deixou de contemplar e cuidar do belo jardim que cultivou. Gastou seu tempo com a única flor que não te deu nada em troca do seu esforço. Nem perfume, nem beleza... Nada.
- Droga! Como eu sou burra. Tô com muita raiva de mim!
- Não adianta nada disso agora. Essa flores, você já perdeu, chorar por elas não vai resolver nem fazer com que nasçam de novo. Pegue mais mudinhas lá na garagem.
- Tá, mãe. Agora tô triste, depois faço isso. Tudo por culpa daquela flor capenga!
- Nada disso! A flor ¨capenga¨ nasceu assim e não tem culpa. Foi você quem decidiu dedicar toda sua atenção a ela, e toda ação tem uma reação. Vá se distrair e depois, quando estiver com cabeça, volte e plante outras!


5 comentários:

  1. Muito bom. Incrível como sempre fazemos isso, nos preocupamos com quem não nos dá atenção e queríamos que desse, e nos esquecemos dos que estão ali, sempre bonitos pra gente. Eu faço muito isso em relação às minhas amizades, e já percebi que insistir em quem não se preocupa, só por birra ou qualquer outra coisa, não dá certo. Temos que cuidar é das outras 11 flores.
    Beijocas!

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  2. O mais impressionante pra mim é que depois de uma falha, uma decepção, a atitude inicial é sempre se isolar né? Seguir em frente e recomeçar é o correto, por mais que difícil!!!

    Amo!

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  3. Lí, no caso deste post específico, eu fui uma das 11 flores... Mas, não duvido nadinha que eu já não tenha feito o mesmo que Ana. Na verdade, tenho certeza que sim. Beeeeijo.

    Paty, tá certa!

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  4. Todo mundo, em algum momento, é idiota. Faz parte. Massss..me dá uma raivinha -mentira, dá muita raiva-, depois que cai a ficha. Humanos...

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